Entrevista Dep. Estadual Ângela Sousa
Redação

No mês do aniversário de Ilhéus, o Foco Regional não poderia ter escolhido melhor sua entrevistada. Uma mulher de garra, coragem, determinação, que ama sua terra e trabalha dia e noite a serviço do povo que a elegeu. Estamos falando da deputada estadual Ângela Sousa, uma pessoa que dedica sua vida política ao bem estar social. Com pouco mais de quatro meses de mandato, ela já contabiliza uma série de avanços para Ilhéus e região. A reforma da ponte Lomanto Junior, a inclusão de entidades da região na Lei Autorizativa do Governo do Estado e a criação da Subcomissão de Revitalização da Lavoura Cacaueira são algumas das boas notícias que a deputada traz para a região. Além disso, ela reafirma sua postura de colocar os interesses de Ilhéus acima das questões partidárias e enfatiza seu desejo de servir à população. Confira abaixo os principais trechos da entrevista concedida por Ângela Sousa ao jornal FOCO REGIONAL.

FR: Há alguns dias a população de Ilhéus recebeu uma excelente notícia. Uma de suas principais reivindicações - a reforma da ponte Lomanto Junior - em breve será atendida, por intervenção da senhora junto ao Governo do Estado. Como está essa situação?
AS: Já temos assegurada pelo governador Jaques Wagner a verba para a reforma da ponte, que há mais de 40 anos não passa por nenhuma intervenção. Enquanto não se tem uma nova ponte, precisamos cuidar da que temos e que está nos servindo. Fiz uma indicação na plenária da Assembléia Legislativa da Bahia, e em audiência que tivemos com o governador, ele nos assegurou essa conquista. Tive também uma audiência com o secretário de Infra-Estrutura do Estado, Antônio Carlos Batista Neves, que garantiu que o técnico Jorge Tuffi virá nos próximos dias inspecionar a ponte e analisar as intervenções necessárias. Essa será mais uma grande conquista para Ilhéus e todo seu povo, que há muito tempo anseia por isso.

FR: Pelo que parece, a deputada tem se preocupado bastante com os problemas de infra-estrutura da nossa cidade.

AS: Com certeza, acredito que Ilhéus é uma cidade muito bonita e, além disso, é turística, e não pode ficar descuidada e abandonada como está. Além da reforma da ponte, também solicitei ao governador e ao secretário algum posicionamento com relação à duplicação da BR-415, no trecho que liga os municípios de Ilhéus e Itabuna, que foi outra indicação nossa. Fizemos ainda um levantamento das principais ruas da cidade que precisam com urgência de recapeamento e apontamos como principais trechos a Avenida Princesa Isabel, avenida principal do Teotônio Vilela, Avenida Roberto Santos, Rua da Linha (entre os bairros Savóia e Barra), Avenida Lótus, no Nelson Costa, Avenida Canavieiras e Rua 31 de Março. O secretário também assegurou o início da construção do novo aeroporto de Ilhéus, para o próximo ano, assim como recursos para melhorias na infra-estrutura operacional e na ala de passageiros do Aeroporto Jorge Amado. Segundo ele, o Porto Internacional de Ilhéus também receberá uma aplicação de R$ 100 milhões voltada à dragagem de aprofundamento para elevação do calado, que chegará a 12 metros. Enfim, acredito que Ilhéus ainda terá muitos bons motivos para comemorar em seus 473 anos de existência.

FR: O Aterro do Itariri está um verdadeiro lixão e pelo que percebemos, as autoridades responsáveis não estão tomando nenhuma providência para acabar com esse problema. Mas, a senhora, como representante legal do município está fazendo sua parte.

AS: Encaminhamos nesse mês uma indicação ao governador Jaques Wagner, solicitando uma intervenção imediata no aterro, a fim de conter a agressão ao ecossistema em uma área de Mata Atlântica. O aterro do Itariri está localizado em uma Área de Proteção Ambiental e faz parte da Bacia Hidrográfica do Leste. Por conta da ausência de uma gestão correta, o lugar acabou se transformando em um "lixão", e até mesmo um lençol freático está sendo contaminado pelo chorume que escorre do aterro. Por isso, cobrei também providências da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder) e da Secretaria de Meio Ambiente. Não podemos permitir que a destruição prossiga com a omissão do poder público. Temos que fazer a nossa parte.

FR: E por incrível que pareça, a situação do saneamento básico e esgotamento sanitário no Pontal, que é hoje um dos principais bairros de Ilhéus, ainda não foi solucionada. Será que as autoridades não enxergam os reais prejuízos dessa omissão?

AS: Pois é, em se tratando de um dos bairros mais populosos de Ilhéus e dos pontos de maior visitação turística, é inadmissível que até hoje o Pontal não conte com o saneamento devido. O que vemos hoje são os lixos lançados sem qualquer tipo de tratamento na Foz do Rio Cachoeira, causando grave poluição ambiental. Soubemos que a Embasa já possui um projeto destinado à implantação do serviço de esgoto sanitário no Pontal, então não há mais o que se adiar. Já fiz uma indicação, solicitando ao governador que sejam feitas as devidas obras de saneamento básico e esgotamento sanitário nesse bairro, a fim de frear a poluição da Baía do Pontal, que além de prejudicar o meio ambiente, também compromete a qualidade de vida dos moradores e a imagem da nossa cidade.

FR: Outra boa notícia que a deputada trouxe para Ilhéus e região foi a inclusão de mais de 50 entidades beneficentes na Lei Autorizativa nº 15.947/2007, do Governo do Estado. Como isso pode beneficiar essas entidades?

AS: Descobrimos que poucas entidades estavam dentro desta Lei e por isso, não tinham como se beneficiar dos projetos do Governo do Estado, como por exemplo, o "Sua Nota É Um Show". Por isso, há algum tempo, começamos a correr atrás de documentações de uma série de entidades de Ilhéus e região, e conseguimos incluir mais de 50, dentre elas o Teatro Popular de Ilhéus, a Associação de Moradores da Vila Nazaré, a Rede Digital Comunitária Solidariedade, a Associação Centro Profissionalizante Mãe Maria, a Associação Cidadania Rural, a Associação Beneficente, Comunitária e Desportiva do Alto da Favela, dentre outras. É importante frisar que esta lei vai fortalecer ainda mais o terceiro setor da nossa região, pois sem ela as entidades ficam impossibilitadas de pleitear recursos junto ao Governo do Estado.

FR: Pelo visto, a deputada tem um excelente relacionamento com essas entidades, e especialmente com os artistas do Teatro Popular de Ilhéus.

AS: Na realidade, eu tenho muito carinho e respeito por esses profissionais. Eles estão desenvolvendo a cultura em nossa região, e por isso, merecem todo nosso apoio. Não podemos ficar de braços cruzados assistindo aos espetáculos deles, pois eles também precisam da nossa ajuda para continuar esse importante trabalho. Por isso, além de incluir o teatro Popular de Ilhéus na Lei Autorizativa, estamos adotando outros posicionamentos para contribuir com a campanha de revitalização daquele importante espaço cultural. Estamos marcando uma reunião entre a diretoria da entidade e o governador Jaques Wagner. Também enviamos um documento a algumas empresas da região para que se atentem à importância de participar e apoiar essa nobre causa. Afinal, estamos falando de cultura, e a nossa região ficou conhecida no mundo todo exatamente por causa de sua riqueza cultural. Portanto, não podemos deixar de lado um assunto de tamanha relevância. Vamos nos unir e trabalhar para que a Casa dos Artistas tenha sua sede própria, para que seja possível ampliar a programação e oferecer novos produtos culturais para nossas comunidades. É importante salientar que a Lei de Incentivo à Cultura prevê que os contribuintes que fizerem doações ou patrocinarem atividades culturais, podem deduzir do imposto de renda as quantias despendidas e ainda terão sua marca propagada pela mídia em todos os eventos da Casa dos Artistas.

FR: A revitalização da lavoura cacaueira também tem sido alvo de sua atenção na Assembléia Legislativa da Bahia. Quais os avanços nesse sentido?

AS: A revitalização da lavoura cacaueira é uma luta de todos nós. Temos que unir nossas forças para que os projetos saiam do papel e possam dar uma nova esperança aos produtores. Participei da criação da Subcomissão do Plano de Revitalização da Lavoura Cacaueira, da qual sou a vice-presidente. Com isso, poderemos tratar de assuntos específicos do interesse da nossa população. Esse importante instrumento a nível estadual visa o fortalecimento do plano de revitalização da lavoura, através do qual faremos articulações para que este plano seja implantado o quanto antes, e nossa região possa sair dessa crise que já dura 20 anos.

FR: Recentemente, a senhora fez uma indicação no intuito de beneficiar os pequenos produtores de peixes de Ilhéus. Como é esse projeto?

AS: O Governo Federal tem um projeto, através da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap) está desenvolvendo um projeto-piloto para instalação de criatórios da espécie bijupirá. No total, 100 municípios serão contemplados, e assim que tomamos conhecimento do projeto, nos antecipamos para mostrar que Ilhéus tem todas as condições para receber um dos módulos. A Bahiapesca fornecerá toda a tecnologia e os alevinos aos produtores. Por isso, precisamos lutar para que Ilhéus seja lembrada nesse projeto, tanto por sua vocação natural para a piscicultura quanto pela possibilidade de que a instalação desses criatórios contribua para o revigoramento da nossa economia. Considero que este seja um projeto da mais alta importância, tanto para a diversificação da matriz econômico-produtiva do Estado, como pelo seu potencial para gerar emprego e renda, podendo se tornar uma forte alternativa para os pequenos produtores. Terei uma audiência com o secretário de Agricultura do Estado, Geraldo Simões, e com o diretor-presidente da Bahiapesca, Aderbal de Castro Meira Filho. Não mediremos esforços para trazer mais essa conquista para Ilhéus e, nesse sentido, já estamos viabilizando todos os contatos com as autoridades envolvidas.

FR: Sabemos que o papel dos parlamentares se resume a sugerir e indicar, mas se faltar o empenho do Executivo, o projeto não anda. A senhora tem enfrentado muitas dificuldades com relação a isso?

AS: Eu considero extremamente importante que a população conheça as reais atribuições de cada poder. Eu, como representante do município e da região, tenho o dever de legislar, desenvolver projetos em busca de recursos que beneficiem nossa população, inspecionar as ações do Governo, enfim, não temos o poder de executar. Como o próprio nome já diz, isso é dever do Poder Executivo. E muitas vezes, nos deparamos com esse obstáculo, pois nos esforçamos para fazer nossa parte e nem sempre temos apoio do Executivo para aplicar os projetos. Isso, aliás, tem sido muito comum.

FR: O que a deputada tem a dizer sobre a crise política que assola o município de Ilhéus?

AS: Eu só posso lamentar por tudo isso, porque o maior prejudicado é o povo. Já passou da hora de os gestores pararem de pensar apenas em si mesmos e começarem a pensar naqueles que o colocaram no poder. Sem o povo, eles não chegariam onde estão, mas parece que algumas vezes se esquecem disso. Por isso, eu procuro estar sempre perto dos meus eleitores, conversando, conhecendo os problemas de cada comunidade, a fim de tentar fazer algo para reverter esse quadro e corresponder às expectativas deles. A crise que você mencionou entre os poderes Executivo e Legislativo ilheenses está prejudicando ainda mais o desenvolvimento da nossa terra. Em meio a tantas discussões, os projetos acabam deixando de ser executados e praticamente nada tem sido feito a favor da população. É preciso que esses governantes entendam de uma vez por todas que quem realmente tem o poder nas mãos, tanto para eleger quanto para tirar, é o povo. E é ele quem decide o que é melhor para sua cidade.

FR: Nesta edição especial, não poderíamos perder a oportunidade de responder a um questionamento que é de todo o povo ilheense. A senhora pretende concorrer à Prefeitura de Ilhéus?

AS: Estaria sendo desonesta se dissesse que descarto totalmente esta possibilidade, uma vez que sou a favor de tudo o que venha a beneficiar a população de Ilhéus. No entanto, meu grande desejo é levar meu mandato de deputada até o fim, pois acredito que se Ilhéus puder contar com bons representantes tanto no Poder Executivo quanto no Legislativo, todos só teriam a ganhar. E nossa intenção é essa....tentar unir os dois poderes, e para isso, nosso grupo com certeza terá um candidato forte para indicar no momento certo. Meu único medo é que mais uma vez o povo seja induzido pela emoção e acabe não elegendo o melhor gestor. Por isso, vamos fazer algumas pesquisas sérias, para conhecer a vontade real da população ilheense. Se for apontada a preferência pelo meu nome, vou atender ao desejo popular. O que eu continuo insistindo é que certos políticos deixem de lado a visão estritamente partidária e pensem mais no bem comum.

FR: Nesse mês, em que Ilhéus comemora seus 473 anos, a senhora acredita que há o que comemorar?

AS: Na realidade, nos últimos anos Ilhéus tem perdido muito. Empresas, indústrias e outros grandes empreendimentos preferem se instalar em outras cidades. Com isso, perde a população, perde a cidade como um todo. Mas, acredito que está mais do que na hora de recuperar o que perdemos e conquistar muitas coisas boas para Ilhéus. Chega de omissão, de aceitar os problemas ao invés de lutar para resolvê-los, de esperar que o outro faça o nosso trabalho. Não podemos aceitar falta de compromisso e desonestidade com o povo. Mas, acima de tudo, não é mais tempo de reclamar. Vamos lutar, pois Ilhéus poderá viver dias muito melhores, basta que o povo se conscientize cada vez mais e saiba escolher seus representantes.
 
 
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